Sobre peso e a mania de cuidar da vida dos outros

“Olha lá, ein, toma cuidado senão você vai virar uma bola”. Deixa eu te contar uma coisa: vou, sim. Minha barriga vai ficar do tamanho de uma melancia. Eu vou engordar, no mínimo dos mínimos, 9kg durante as próximas 32 semanas.

Peso é uma preocupação? De certa forma, sim. Não quero engordar muito além do necessário, porque isso traria riscos desnecessários para a saúde do meu filho e para a minha também. Mas vai por mim: minha última preocupação, nesse momento, é se vou continuar “bonita” para os seus padrões.

Me preocupo, por exemplo, se vou conseguir amamentar meu filho no peito por pelo menos um ano – e não em quanto tempo vou voltar a usar minhas calças jeans. Traço planos para ter o parto natural que desejo (e que escolhi depois de muita pesquisa), e não para perder rapidinho os quilos que ganhar na gestação. Prefiro ter braços fortes para dar colo e aconchego para o meu bebê do que estar magérrima e na cama, doente e desnutrida.

Fico de olho naquilo que eu como? É claro – quero que meu pacotinho se desenvolva bem, com os nutrientes que ele mais precisa (mas não por medo de engordar). Quero ser uma grávida linda, “só barriga”? Seria hipocrisia dizer que não – mas se eu tiver que escolher entre isso e saúde, prefiro ser uma mãe mais cheinha, porém saudável e feliz.

E não venha me dizer que “não é por mal” o seu tipo de comentário. Na sua gravidez, você se preocupa com o que você quiser. Mas não queira me julgar, ficar de olho na quantidade de comida que eu coloco no meu prato, ser meu nutricionista, me colocar dentro desse padrão absurdo e machista de que mulher tem que ser magra pra ser feliz. Minha felicidade vem de outras coisas – de saber que tem um serzinho se desenvolvendo aqui dentro, por exemplo. De saber que eu fui escolhida por Deus pra gerar uma vida. De acordar todos os dias e encontrar motivos para ser grata – e não para ficar ranzinha me olhando no espelho e dizendo “mimimi, engordei 100g”.

Eu cresci aprendendo a fazer escolhas saudáveis – e não a viver de dieta. E, salvo alguma necessidade muito específica que envolva recomendações médicas, vou continuar me alimentando assim. Com meus pratos coloridos, e alguns nem tanto. E quem é que tem alguma coisa a ver com isso? Eu. E meu médico, no máximo. O resto? É só o resto.

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