Ciclo 3, DC2

Preciso escolher um novo título para esses posts de ciclo, sem spoilers, rs. Mas vamos lá.

Desde sábado, DPO 14, eu sentia que não tinha sido nesse ciclo. Minha TB caiu 0,2 (de 36,6, um normal alto, para 36,4), o que já me deixou com a pulga atrás da orelha. No domingo me prometi que, caso na segunda amanhecesse com a temperatura mais alta, eu faria um teste. Porque sabem com é, a esperança é a última que morre.

Ai na segunda-feira, caiu mais 0,2 (chegando a 36,2, quase na minha coverline). Minha esperança foi diminuindo, diminuindo… Mas não tinha nem sinal de spotting (que sempre aparece um dia antes da Miss Red), então toda vez que eu via a calcinha limpa, era um sorriso no rosto. “Enquanto não há sangue há esperança” virou meu mantra.

Até ontem, terça, DPO 17. O dia previsto pra bonitinha aparecer. Ao acordar, nada – e sorriso de orelha a orelha. O próprio marido perguntou como estava, e brincava com as gatas que agora eu não ia mais querer saber delas porque tinha outro a caminho. “Enquanto não há sangue…”

Na metade da manhã, ela apareceu. Por sorte ontem era dia de trabalhar na casa da sócia, alinhando algumas coisas – e graças a isso eu não fiquei sozinha. Fomos almoçar em um shopping, batemos perna, eu terminei de comprar os presentes de Natal da família… Então o dia 1 do ciclo 3 passou rápido, com distrações e sem muito tempo para pensar e sofrer.

À noite a história mudou um pouco. Contei para o marido, ele ficou tristinho mas não demonstrou – e quando eu pedi desculpas (ê situação terrível em que a gente se sente culpada por tudo, mesmo tendo plena consciência de que a culpa não é nem nossa e nem de ninguém) me abraçou e disse que eu não precisava me desculpar, que viria na hora certa e etc. Ele tinha um compromisso e eu acabei ficando sozinha – foi quando bateu. Parecia que eu tinha levado um soco – um soco das minhas próprias expectativas.

E é aquilo: eu já sabia que esse ciclo iria terminar assim. Já sabia desde sábado, quando a TB caiu bastante. Já sabia desde segunda, quando meu corpo começou a dar os sinais da M chegando. Eu tive tempo pra me preparar. A M não atrasou nem um diazinho sequer, para me confundir. Mesmo com pouco tempo de empoderamento eu consegui identificar os sinais de que não, não tinha uma morulinha dentro de mim.

Mas e o coração, quem disse que entende isso? No fundo eu sei que será na hora certa. Eu sei que não importa a gente ter treinado nos dias certos, usado as posições certas (oversharing), ficado deitada por duas horas com um travesseiro no quadril, tomado ácido fólico direitinho e analisado muco e TB como se não houvesse amanhã. Isso são coisas pra me tranquilizar na hora, no momento, na fase lútea – mas que não são fórmulas mágicas para engravidar.

E isso dói, né? Eu, que sempre gostei de planejar tudo e escrever roteiros de viagens nos mínimos detalhes e que marco almoços de domingo com antecedência e que não saio do combinado, tenho que me ver à merce de algo que não depende de ninguém. Que é divino, que foge do controle – e que é aquilo que eu mais desejo.

Ontem à noite eu decidi me permiti ficar triste. Chorar um pouco. Sentir pena de mim mesma. Ouvir as músicas do meu pacotinho e chorar mais. Dormir. Foi uma das melhores decisões – parece que tentar bloquear e fugir dos meus sentimentos só fazia eles crescerem dentro de mim. Aí de madrugada acordei (cólica maldita, aff) e parei para pensar no quanto o dia tinha sido bom. Em como as coisas aconteceram para que eu ganhasse um colo mesmo sem pedir. Para que eu não me sentisse sozinha – e podem acreditar, se eu tivesse estado sozinha o dia todo, as lágrimas que duraram alguns minutos à noite teriam sido um dilúvio sem hora para acabar. Mas passou.

Novo ciclo, nova oportunidade, novo começo.

Logo mais eu volto com a BC de hoje 😉

12 thoughts on “Ciclo 3, DC2

  1. Poxa, estava torcendo, mas é assim mesmo, foge do nosso controle!
    Lendo que você não sai do combinado me enxerguei a alguns meses atrás, sim, pois o descontrole não é só percebido nas tentativas, depois do positivo também e a coisa fica mais séria kkk não há como prever e as coisas vão acontecendo, sem que a gente queira, ou permita…elas simplesmente acontecem…e eu achei que ficaria fula da vida por causa disso, ah! de certo modo fiquei e ainda muitas surpresas virão, mas o aprendizado é na marra!
    Boa sorte no ciclo que inicia!
    Que Deus te abençoe!
    Bjks

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    • É tudo preparação, né, Fernanda? Afinal uma criança só foge do controle, só surpreende e nos faz ver que as coisas podem sim ser diferentes do planejado. Aprendizado na marra desde as tentativas, haha!
      Um beijo.

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  2. Oi Nina, ah como te ler é me ver a cada primeiro dia de um novo ciclo, eu sofro, eu choro, eu me culpo, não adianta pedir calma, paciência, falar do tempo de Deus, eu tenho uma dor e não a suporto, então eu deixo ela fluir.
    Já conversei comigo diversas vezes, quando não vejo os sintomas da gestação e sinto os da TPM e cansei de me preparar para recebe-lá e aceita-lá com a normalidade que sempre a acetei (antes de ser tentante né), mas não adianta estou fadada a esta decepção, eu me permito sofrer, porque doí muito, a incerteza de quando virá, se virá, se sou capaz, logo eu também que sou muito metódica que tudo em minha vida planejei nos mínimos detalhes, quis, busquei e conquistei, estou a merce de desejar e esperar, não depende só das minhas dedicações, este sem duvidas esta sendo o sonho mais desejado, mais difícil de se conquista, mas doloroso de aceitar os fracassos e Deus tem algo a me provar, a me ensinar. As vezes o mundo quer nos acalmar, falar de Deus, eu creio em Deus, entendo Deus, entendo seu tempo, eu tenho fé, mas me doí e doerá enquanto houver esperanças, então me permita sofrer por um dia, pois no outro levantamos, sacudimos a poeira e daremos a volta por cima. Beijos!!!

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    • A gente precisa “sentir a dor”, né, Ni? E super te entendo – não é que a gente não confia em Deus. Sabemos que o tempo dEle é melhor do que o nosso, etc e tal, mas a gente sofre mesmo assim, aqui da nossa humanidade. Mas bora lá sacudir essa poeira e abraçar o novo ciclo, rs.
      Um beijo.

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