Ao redor

Hoje fiquei sabendo de mais uma amiga que está grávida. Sério, pacotinho, se eu for contar as gestações ao nosso redor, faltam dedos. Conversando com o seu pai sobre isso, falei que não vejo a hora e que também quero (como se ele já não soubesse). A resposta? “Vai que você está grávida e nem sabe?”. Me derreto toda.

Me derreto mas tento deixar meu coração num armário bem fechadinho, para não ter esperanças. Você ainda não sabe, mas sua mãe sempre foi assim: prefiro pensar no pior, no “não”, para não me decepcionar tanto com o resultado. Não gosto de colocar minhas esperanças em um fato que eu sei que as chances são baixas.

Esse foi só o primeiro ciclo de tentativas. Sem saber certinho a data do meu PF, sem medir TB o ciclo todo. Sem conhecer meu corpo. E eu achei que estava tudo ok – entreguei nas mãos de Deus, resolvi deixar acontecer de um jeitinho mais natural, sem tanto estresse. Curtir o processo, sabe? Não quis me dar motivos para achar que estava sem estar, para entrar num ciclo de ansiedade absurdo. Já sou ansiosa sem essas informações, já pensou se resolvo medir temperatura todos os dias e de tempos em tempos correr verificar o muco? Ninguém me aguenta.

Mas em conversas como a de hoje, me arrependo. Essas semanas entre o possível período fértil e a data da menstruação são tensas. São o escuro, o desconhecido. São o momento em que metade de mim quer sonhar com você, quer falar com as tripas, quer imaginar você do tamanho de um feijãozinho dentro de mim, quer acreditar que o fato das suas irmãs de quatro patas deixarem de dormir no seu pai para dormirem enroladas comigo é um sinal de você. Mas a outra metade não quer chorar quando a Miss Red chegar, não quer sentir a esperança indo embora, não quer sofrer. Quer proteger esse coração aqui que já bate tanto por você.

Aí eu volto a pensar se talvez não era melhor fazer tudo aquilo que a gente aprende no Tentantes Empoderadas. Medir, controlar, montar gráficos, analisar, pensar, planejar. Ainda não me conheço o suficiente para saber o que vai ser melhor pro meu coração, pacotinho. Se as informações vão trazer mais nervosismo ou se vão me acalmar.

Acho que a saída é tentar, né? Esperar o próximo ciclo, começar as medições no primeiro dia e ver em qual período meu (nosso, né?) coração se sente melhor.

2 thoughts on “Ao redor

  1. É uma incógnita, controlar cada respirar ou não, isto nos deixará mais ansiosas ou não, qual a melhor forma que o coração aceitará de fato. É testar e seguir o que só nós somos capaz de sentir.

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